As cenas e destruição na Faixa de Gaza e na Cisjordânia são a fotografia da tragédia humana do conflito, que começou com os ataques terroristas de 7 de outubro – que vitimaram 1,4 mil israelenses – e seguem com as mortes de ao menos 32 mil palestinos, até agora.
Mas há um custo econômico do conflito que também precisa ser mensurado, uma vez que, em algum momento, o foco será na reconstrução do que foi perdido. O InfoMoney compilou alguns dados para dimensionar volume financeiro envolvido.
PIB de Israel
Israel vinha crescendo em 2023 num ritmo que permitiria ao país fechar o ano com evolução de 3,5% em seu produto interno bruto (PIB). Mas o tombo de 19,4% no 4º trimestre do ano passado (quando começou o conflito), levou a uma taxa anual de apenas 2%. Os gastos privados recuaram 26,9% ante o trimestre anterior, as exportações levaram um tombo de 18,3% e os investimentos em ativos fixos encolheram 67,8%, especialmente na construção. Enquanto isso, os gastos do governo, totalmente voltados para despesas militares e compensações a empresas e famílias afetadas, aumentaram 88,1%.
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PIB palestino
Segundo o diário econômico israelense Globes, citando um relatório do Banco Mundial, o PIB da Faixa de Gaza despencou 80% no 4º trimestre de 2023, enquanto o PIB da Cisjordânia caiu 22%. O conflito afetou duramente o emprego e o consumo da população. Antes do conflito, o Banco Mundial tinha projetado um crescimento de 3,2% em 2023 para as economias da Faixa de Gaza e da Cisjordânia combinadas. Agora, a estimativa atualizada é de uma contração econômica de 6,4%. Isto significa uma perda de PIB de US$ 2,5 bilhões, que seria a segunda pior da história – atrás apenas do período da segunda intifada, que durou do final de 2000 até 2005.
Desemprego em Israel
Esse é outro dado que atingiu fortemente ambos os lados do conflito. O site The Conversation afirmou que a eclosão da guerra perturbou cerca de 18% da força de trabalho de Israel. Em outubro, 250 mil civis fugiram ou foram evacuados das comunidades fronteiriças. Ao mesmo tempo, cerca de 4% da força de trabalho – cerca de 300 mil pessoas – foi convocada como reservista ,enquanto Israel mobilizava sua ofensiva militar. Como consequência, segundo o site i24News, mais de 237 mil israelenses solicitam benefícios de seguro-desemprego nos últimos meses.
Desemprego de palestinos
No lado palestino, um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontou que o desemprego nos territórios está acima de 50%, com um total de 500 mil postos de trabalho perdidos. Calcula-se que, apenas na construção civil, mas de 200 mil palestinos que costumavam se deslocar diariamente da Cisjordânia e de Gaza, foram proibidos de entrar em Israel por questões de segurança. Parte desses trabalhadores eram especializados em metalurgia, pisos, cofragem e reboco, que normalmente executam as pesadas tarefas iniciais na maioria dos canteiros de obra israelenses.
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Construção
Vem desse último dado a quase paralisação da construção civil em Israel. O setor residencial caiu 95% no fim do ano passado, contribuindo para a citada queda de mais de 19% na atividade econômica. Outros setores, como agricultura e serviços, também foram atingidos, mas não tanto quanto a construção, que responde por 14% da economia de Israel. O setor reagiu um pouco desde então, parcialmente impulsionado por trabalhadores vindos especialmente de países asiáticos, mas 40% das construções seguem paralisadas. Israel tinha planos de trazer aproximadamente 70 mil trabalhadores da construção civil da China, Índia , Moldávia e Sri Lanka, mas a migração foi baixa até agora, mal ultrapassando os 1.000.
Inflação em Israel
O Índice de Preços no Consumidor (CPI, na sigla em inglês) de Israel subiu 0,4% em fevereiro, com a taxa em 12 meses caindo de 2,6% em janeiro para 2,5%. Mas embora a inflação esteja bem dentro do intervalo-alvo anual do Banco de Israel, entre 1% e 3%, os analistas não acreditam que o comitê de política monetária reduzirá a taxa básica de juros de 4,5% em sua próxima reunião, em 8 de abril. O motivo é a incerteza sobre os preços com a continuidade da guerra, que exige um esforço fiscal cada vez mais alto. Os preços da construção também estão em alta.
Inflação em Gaza
No lado palestino, além da escassez de produtos, a escalada de preços é assombrosa. Em janeiro de 2024, foi calculada uma inflação ao consumidor de 3,27% em toda a área palestina. Só em Gaza, os preços subiram 11,41%. Em termos anuais, o CPI palestino aumentou 19% em comparação (71,70% em Gaza, 5,50% na Cisjordânia e 4,38% em Jerusalém). O poder de compra em Gaza já caiu 40% no mesmo período. Segundo reportagem do The Wall Street Journal, um pacote de fraldas, que antes da guerra custava 25 shekels, o equivalente a cerca de US$ 7, era vendido por mais de 170 shekels no final de fevereiro.
(Fontes: Haaretz, Reuters, Globes, i24News e The Wall Street Journal)