Em uma declaração sem precedentes, o Irã alertou Israel nesta quinta-feira (18) que poderia rever o status de “fins pacíficos” de seu programa nuclear se as suas instalações atómicas forem ameaçadas. O anúncio, feito pelo comando da Guarda Revolucionária, foi emitido no momento de elevação de tensões com Israel — após o ataque direto de drones e mísseis iranianos ao território israelense no sábado à noite.
A linha dura do regime já ameaçou anteriormente que, durante períodos de tensões acrescidas com o Ocidente, o Irã poderia retirar-se do tratado de não proliferação, (TNP) que rege as instalações nucleares dos países. Mas são praticamente inexistentes os registros em que o país admite que poderia usar seu programa nuclear para fins militares.
O Irã espalhou mais de uma dezena de instalações nucleares em seu território desde que um programa secreto de enriquecimento de urânio do país foi descoberto no início do século. Praticamente todas essas instalações são subterrâneas, justamente para que fiquem protegidas de ataques principalmente de Israel.
Segundo especialistas estrangeiros, uma ofensiva bem-sucedida para atacar essas instalações dificilmente seria viável sem uma infiltração no território iraniano.
Urânio com nível de pureza entre 3,5% e 10% seria suficiente para usos em equipamentos médicos e para geração de energia. Mas analistas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmam que os iranianos têm uma boa quantidade de urânio enriquecido entre 60% e 90% — que bastariam para construir pelo menos três bombas, ainda que rudimentares.
O Irã tem desenvolvido também mísseis com capacidade nuclear capazes de atingir Israel — além de seu principal rival geopolítico no mundo islâmico, a Arábia Saudita.