A Aegea, maior empresa privada de saneamento básico no Brasil, disse estar montando um consórcio em parceria com fundos de investimentos para se tornar acionista de referência da Sabesp no momento da privatização da companhia.
“Quando a gente olha para Sabesp, que tem um market cap [valor de mercado] gigantesco, que demanda para os 15% [de papéis] potenciais um volume de capital numa grandeza, ainda sem bid [oferta], sem ágio, em torno de R$ 10 bilhões, é necessário pensar numa estrutura de capital com novos parceiros, para que você possa fazer frente à competição”, afirmou Casseb durante evento do Bradesco BBI, em São Paulo, nesta quarta-feira (3).
“Nós estamos, neste momento, conversando com alguns parceiros estratégicos, do ponto de vista financeiro, de modo a compor um grupo nessa estrutura de capital”, acrescentou.
De acordo com o executivo, entre os parceiros estão as gestoras de investimento Perfin e Kinea, assim como os principais acionistas da Aegea, Itaúsa e o GIC (fundo soberano de Cingapura). Ainda há outros parceiros em negociação para compor o bloco.
“A companhia vai estar preparada, caso ela chegue no final [da disputa pela Sabesp]”, disse Casseb.
O formato de consórcio não seria uma novidade para a Aegea. Em dezembro de 2022, a companhia venceu o leilão de privatização da Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento) em um grupo formado exatamente pela Perfin e Kinea.
A compra foi fechada com uma proposta de R$ 4,15 bilhões. Para a Sabesp, o desembolso deve ser mais que o dobro.
A oferta de ações que vai tirar do governo de São Paulo o controle da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de SP) deve acontecer em junho deste ano. Estimativas do Bradesco apontam para uma movimentação em torno de R$ 15 bilhões.
A gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirma que não definiu ainda qual será a fatia de venda da Sabesp, mas fontes que acompanham as negociações afirmam que o estado se encaminha para vender 30%, o máximo previsto em lei aprovada pela Assembleia Legislativa no ano passado.
A ideia do governo é ter um acionista de referência com pelo menos 15% dos papéis e que tenha experiência no setor de saneamento.
“Um modelo padrão corporation [sem acionista de referência] não atrairia a companhia [Aegea]. Nos capacitamos nos últimos 14 anos para ser um operador e para fazer mudança”, disse Casseb. “Se não for possível a Sabesp, vamos para os próximos projetos. Tem Sergipe, tem Pará, tem muita coisa vindo aí”, acrescentou.
Pessoas familiarizadas com a privatização da Sabesp já apontavam que a Aegea era uma das interessadas em se tornar acionista de referência. Além do grupo, empresas como Votorantim, Veolia, Equatorial, Cosan e J&F também estariam sondando a oferta.