O bitcoin (BTC) manteve os ganhos recentes nesta sexta-feira apesar da força do mercado de trabalho nos EUA, que tira a pressão por cortes de juros mais urgentes pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano).
Para Fernando Pereira, analista da Bitget, o bitcoin deve oscilar na região entre US$ 66 mil e US$ 70 mil nos próximos dias.
“O BTC está fazendo uma formação de triangulo em topo, que pode se estender por diversos dias. Dificilmente estaremos abaixo de US$ 66 mil acima de US$ 70 mil nesta semana. Espero ao menos três dias de consolidação”, disse.
Perto das 10h20 (horário de Brasília), o bitcoin tinha baixa de 1% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 66.739, enquanto o ether, moeda digital da rede Ethereum, apresentava baixa de 4% a US$ 3.245, conforme dados do CoinGecko. O valor de mercado somado de todas as criptomoedas do mundo é de US$ 2,61 trilhões. Em reais, o bitcoin tinha desvalorização de 0,33% a R$ 339.124, enquanto o ether recuava 3,13% a R$ 16.501, de acordo com valores fornecidos pelo MB.
Divulgado mais cedo, o “payroll” mostrou que os EUA criaram 303 mil novas vagas de emprego em março, número bem acima dos 200 mil previstos pelo consenso de economistas ouvidos pelo “The Wall Street Journal”. A taxa de desemprego ficou em linha com o esperado, caindo a 3,8%.
Para a Capital Economics, os dados mostram que o Federal Reserve (Fed) não precisará ter pressa para cortar seus juros. “O grande aumento no payroll em março corrobora a posição do Fed de que a resiliência da economia significa que ele pode ir devagar com os cortes nas taxas, que agora talvez não comecem antes do segundo semestre deste ano”, diz a consultoria em nota.
Segundo Valter Rebelo, analista de criptoativos da Empiricus, a correção recente do bitcoin e das altcoins tem a ver com as revisões de cortes dos juros pelo Federal Reserve, que deve postergar cada vez mais o início da redução das taxas, por conta dos dados da economia americana.
“Mas isso não é o fim do mundo, pois o que importa não é o corte de juros em si, e sim o ciclo de liquidez. Nós ainda devemos ver estímulos fiscais por parte do Tesouro dos EUA”, avalia.
Rebelo destaca que a temporada de impostos nos EUA está começando e o saldo da Conta Geral do Tesouro (TGA), que é a conta que o Tesouro americano tem com o Federal Reserve, vai aumentar com a captação de tributos. “O direcionamento da [secretária do Tesouro dos EUA] Janet Yellen é de que vão haver estímulos fiscais, com repagamento de títulos de dívida em cerca de US$ 250 bilhões, o que deve beneficiar a liquidez no curto prazo e também os ativos de risco”, argumenta o analista, que se diz ainda bastante otimista com o ciclo do bitcoin.