Um importante passo no tratamento de linfoma e leucemia na América Latina. No dia 15 de março, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP vai começar o estudo clínico de fases 1 e 2 do tratamento com células CAR-T.
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As células CAR-T
O tratamento foi desenvolvido no Centro de Terapia Celular, um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão apoiado pela Fapesp no Hemocentro da FMRP. Ele é específico para pacientes com leucemia linfoide aguda de células B e linfoma não Hodgkin de células B que não responderam ou apresentaram o retorno da doença após quimioterapia e transplante de medula.
O início do estudo foi anunciado durante a Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação. No total, 81 pacientes irão participar dos trabalhos.
Inicialmente serão quatro pacientes tratados no Hospital das Clínicas da USP em Ribeirão Preto. Os dados serão então submetidos à Anvisa para avaliação da segurança e, se tudo correr bem, os outros centros envolvidos no estudo poderão começar a tratar outros candidatos.
Diego Villa Clé, coordenador médico do Hemocentro de Ribeirão Preto
Os primeiros quatro pacientes terão uma pequena quantidade de sangue colhida, de onde os linfócitos T, um tipo de célula de defesa, serão isolados e modificados no Nutera-RP. Esse processo leva de 15 dias a um mês.
Depois de internados, eles receberão então uma única infusão das próprias células, agora reprogramadas para atacar as células tumorais. Serão 15 dias de internação para acompanhar os possíveis efeitos colaterais, resultado da inflamação provocada pelo tratamento.
A inflamação é um sinal de que o tratamento está fazendo efeito, mas pode causar desde sintomas leves, como febre e dor no corpo, até mesmo uma queda de pressão sanguínea e dificuldade respiratória, que pode ocorrer em 25% a 30% dos casos.
Após a alta, o paciente seguirá sendo acompanhado em consultas semanais, até ter a primeira avaliação de eficácia do tratamento, 30 dias depois da infusão. Os testes serão repetidos após 90 dias do início do tratamento. Todos os pacientes serão monitorados por cinco anos como parte do estudo.
Como funciona o tratamento
- O tratamento com células CAR-T foi desenvolvido em 2017 nos Estados Unidos e, desde 2019, no Brasil, pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, em colaboração com o Instituto Butantan.
- A técnica consiste na retirada de linfócitos do próprio paciente, que são manipulados em laboratório e reaplicados no organismo.
- O objetivo é preparar os linfócitos para identificar e eliminar células tumorais que não foram detidas por outros tratamentos, como quimioterapia e transplante de medula.
- O Hemocentro de Ribeirão Preto abriga a única fábrica de células CAR-T da América Latina, uma das poucas no mundo que não pertencem a grandes indústrias farmacêuticas.
- Até hoje, 20 pessoas foram tratadas com as células preparadas no Núcleo de Terapia Celular Avançada de Ribeirão Preto.
- Este espaço pode preparar até 300 tratamentos por ano e estima-se que de 3 mil a 4 mil pessoas poderiam se beneficiar com tratamento no Brasil.
- Para isso, no entanto, são necessários mais investimentos.
- Na iniciativa privada, o tratamento importado pode custar até R$ 2 milhões por paciente.
- Já no Sistema Único de Saúde (SUS), ele pode sair por um sexto desse valor.
- As informações são do Jornal da USP.