Utilizar táxis para se locomover em um centro urbano custa por dia, em média, R$ 45,69. Carros próprios são mais vantajosos: R$ 29,91 é o valor médio diário. Aplicativos ainda mais vantajosos: R$ 26,77 é o valor diário. Utilizar moto própria fica por R$ 10,79 – valor 10,6% mais alto do que o custo de andar utilizando ônibus: R$ 9,75 por dia.
O trabalho aponta que o transporte público ainda se diferencia pelo custo-benefício, mesmo que outras alternativas tenham ganhado espaço na sociedade. A utilização de transporte coletivo alcançou 31,7% da população total, contra 49,8% registados pela pesquisa anterior, realizada em 2017 – uma queda de 18,1% no período.
Os dados indicam que o transporte coletivo brasileiro permanece relevante e financeiramente vantajoso, ainda que questionado pela população.
Quando perguntadas sobre as ações necessárias para retomar a utilizar ônibus, as pessoas que desistiram desta opção apontam, pela ordem, que nunca voltariam a acessá-la, ou que precisariam de menores preços, maior conforto, maior rapidez nas viagens ou de uma mudança no local de trabalho. O levantamento indica que, apesar do momento desafiador que vive, o transporte coletivo urbano de passageiros mantém-se como um serviço essencial de mobilidade no país.
Debater caminhos para fomentar sua utilização é especialmente relevante no momento atual, como afirma Vander Costa, presidente do Sistema Transporte: “Em um ano com eleições municipais é fundamental que os candidatos coloquem a mobilidade urbana no centro de suas propostas, garantindo investimentos e políticas que tornem o transporte público mais eficiente, seguro e acessível para todos”.
Apoio para políticas públicas
O trabalho foi realizado com o apoio da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Foram ouvidas 3.117 pessoas, em 319 municípios com mais de cem mil habitantes, entre os dias 18 de abril e 11 de maio deste ano.
O estudo identifica os principais modos de transporte utilizados pela população, além de oferecer uma avaliação da percepção dos passageiros sobre o serviço. Os dados divulgados podem auxiliar os entes públicos, sendo referência na formulação de políticas para o setor e aos agentes privados em seus processos de tomada de decisões, planejamento e desenvolvimento de ações.
O trabalho indica que entre os motivos para a menor procura por transporte público estão o aumento da utilização do carro próprio, que passou de 22,2% para 29,6% no período, e a obtenção de moto própria, que também teve um salto significativo. A utilização dessa alternativa, mesmo que comprovadamente mais cara do que os ônibus, mais que duplicou, saltando de 5,1% para 10,9% em sete anos.
Passageiro em primeiro lugar
Os serviços de viagens oferecidos por aplicativos também têm uma cota de responsabilidade na baixa procura por transporte público. Realizada com veículo particular, a modalidade teve uma evolução expressiva nesse período, passando de 1,0%, em 2017, para 11,1%, em 2024.
Mesmo com todas as mudanças, o transporte público coletivo urbano ainda se caracteriza como um serviço fundamental para a faixa populacional de baixa renda: as classes C e D/E são as que mais se deslocam por ônibus (79,2%), trem urbano/metropolitano (77,1%) e metrô (62,3%).
“A revitalização do transporte público urbano passa por colocar o passageiro em primeiro lugar. Ele é o nosso cliente e a razão de ser do nosso trabalho”, afirma Francisco Christovam, diretor executivo da NTU. “Por isso, precisamos ouvir o passageiro, entender suas expectativas e suas necessidades, para poder entregar um serviço de melhor qualidade. Daí a grande importância da pesquisa CNT de mobilidade”.