À medida que as tensões com o Irã diminuem após os ataques da semana passada, Israel se prepara para continuar sua invasão na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, onde milhares de palestino se abrigam, apesar da forte oposição dos Estados Unidos, que alertam sobre mortes generalizadas de civis e a interrupção nos esforços humanitários para prevenir a fome na região.
“Nos próximos dias, aumentaremos a pressão militar e diplomática sobre o Hamas porque é a única maneira de libertar nossos reféns e alcançar nossa vitória”, disse, no domingo (22), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em mensagem para marcar o feriado judaico “Pessach”, com início nessa segunda-feira (22) à noite.
Israel tem realizado ataques aéreos contra Rafah nos últimos dias. Segundo a “Wafa”, agência oficial de notícias da Autoridade Palestina (AP), uma série de ataques no fim de semana matou pelo menos 16 palestinos, a maioria mulheres e crianças.
Netanyahu afirmou que Israel planeja evacuar civis para Khan Younis e outras áreas próximas antes das operações, que ainda não possuem uma data para acontecer. Essa evacuação duraria duas a três semanas e seria realizada em coordenação com os EUA, Egito e outros países árabes, como os Emirados Árabes Unidos, disseram as autoridades egípcias, de acordo com o “Wall Street Journal” (WSJ).
O governo israelense alega que qualquer ação militar em Rafah teria como objetivo expulsar os principais líderes do Hamas, além de encontrar os 129 reféns restantes mantidos pelo grupo desde seus ataques em 7 de outubro.
No entanto, os EUA pressionam Israel a reconsiderar uma incursão em grande escala em Rafah, citando preocupações com civis, já que cerca de dois terços da população da Faixa de Gaza se deslocou para a cidade fugindo do avanço da guerra.
“O presidente Biden foi muito claro sobre isso: não podemos apoiar uma operação militar importante em Rafah”, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, na sexta-feira (19). Blinken acrescentou que tal movimento “teria terríveis consequências” para quaisquer civis que permanecessem na cidade, sendo que os objetivos de guerra de Israel poderiam ser alcançados por outros meios.
“Se Israel falhar em tirar os civis do caminho do perigo, eu realmente acredito que isso poderia ser um desastre estratégico para Israel e criar um dos principais estresses no relacionamento bilateral que vimos nos últimos anos”, disse Bradley Bowman, diretor sênior do Centro de Poder Militar e Político da Fundação para a Defesa das Democracias, ao “WSJ”.