Os juros futuros encerraram o pregão desta sexta-feira (12) em níveis próximos da estabilidade, mesmo com o alívio pontual observado nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries).
Ainda, importantes participantes do mercado têm revisado para cima suas estimativas para a taxa Selic no fim de 2024, seja pelo ambiente externo mais desafiador ou pelos sinais de resiliência da economia local.
No fim do dia, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 oscilou de 10,065% do ajuste da véspera para 10,045%; a do DI para janeiro de 2026 passou de 10,215% para 10,22%; a do DI para janeiro de 2027 saiu de 10,53% para 10,535% e a do DI para janeiro de 2029 subiu de 11,04% para 11,085%.
A sessão de hoje foi marcada por um alívio nos rendimentos dos Treasuries, no fim de uma semana de volatilidade acentuada no principal mercado de renda fixa do mundo. A surpresa com o índice de preços ao consumidor (CPI) do país na quarta-feira sacudiu as apostas para o início dos cortes de juros nos EUA e analistas debatem, inclusive, se haverá espaço para flexibilizar a política monetária em algum momento até o fim deste ano.
Hoje, no entanto, um ajuste ganhou corpo e os juros dos Treasuries caíram, também pressionados por um sentimento de proteção com a escalada dos riscos geopolíticos. No fim do dia, a taxa da T-note de 10 anos caiu de 4,595% para 4,532%. O índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de seis divisas principais, ultrapassou o nível dos 106 pontos.
No Brasil, o dólar comercial avançou 0,61% ante o real, negociado a R$ 5,1212, com agentes relatando pressão oriunda do último dia de vencimentos das NTN-As — fator que levou o BC a intervir no mercado na semana passada. O desempenho do câmbio traz preocupações adicionais no momento em que agentes já se mostram cautelosos com a possibilidade de a autoridade monetária brasileira estender seu ciclo de afrouxamento monetário para níveis próximos a 9%.
Hoje, inclusive, a Quantitas revisou sua estimativa para a Selic ao fim de 2024 de 9,5% para 10%. “Na curva americana há cerca de dois cortes [de 0,25 ponto] precificados para o ano. Para nós, está claro que o risco é de ser menos depois dessa leva de dados — o mercado de trabalho e o CPI, que compuseram um trimestre inteiro de dados muito negativos para corte de juros”, afirma o economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont.
“Isso muda nossa percepção de risco sobre a nossa Selic. O custo para o Banco Central mudar o ‘guidance’ que ele deu na última reunião seria alto em termos de reputação. Então o corte de 0,5 ponto percentual na próxima reunião vai vir. Na outra reunião, acreditamos que a chance é de ser 0 ou 0,25 ponto”, ponderando, ainda, que, a depender da evolução dos dados nos EUA, mais um corte de 0,25 ponto percentual pode ser viável.
O mesmo movimento foi realizado pelo Itaú Unibanco, que elevou sua projeção de Selic terminal de 9,25% para 9,75%, com expectativa de desaceleração do ritmo de cortes em junho.