Após orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de evitar atos, solenidades, discursos ou produção de materiais oficiais em memória dos 60 anos do golpe militar levou o Ministério dos Direitos Humanos, representado por Silvio Almeida, a cancelar um ato marcado para 1º de abril.
Segundo informações do Estadão, o ato organizado pela pasta aconteceria no Museu da República, em Brasília. A cerimônia contaria com um discurso oficial do ministro e uma programação extensa para exaltar a luta das pessoas perseguidas pela ditadura militar.
Apesar do cancelamento do ato e do pedido do presidente de não fazer alarde sobre os 60 anos da ditadura, as agendas que já vinham sendo montadas em vários setores do governo paralelas à data do golpe, como reuniões ordinárias da Comissão de Anistia para julgamento de processos, devem ser mantidas.
O Palácio do Planalto informou que não iria comentar o assunto e, até a publicação desta reportagem, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania não se manifestou.
“Aceno” aos militares
Na cúpula do governo, a decisão de Lula de proibir atos alusivos ao golpe tem sido interpretada como um ‘aceno’ do petista aos militares.
Segundo aliados do presidente, prevaleceu o tom conciliador entre os dois polos, uma vez que os militares estão ressabiados com o avanço das investigações sobre os ataques às sedes dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
Aliados também dizem que Lula desencorajou atos das Forças Armadas celebrando a ditadura —como ocorreu, por exemplo, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Lula diz que quer “tocar o país para frente”
Em recente entrevista à RedeTV!, Lula afirmou que não quer ficar “remoendo” o golpe militar e que é preciso “tocar o país para a frente”. E afirmou estar mais preocupado com a tentativa de golpe no 8 de janeiro de 2023.
“Eu, sinceramente, vou tratar da forma mais tranquila possível. Eu estou mais preocupado com o golpe de 8 de janeiro de 2023 do que com 64. Eu tinha 17 anos de idade, estava dentro da metalúrgica Independência quando aconteceu o golpe de 64. Isso já faz parte da história. Já causou o sofrimento que causou. O povo já conquistou o direito de democratizar esse país”, disse.