O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira em Washington que o Brasil vive uma semana de turbulência e que, após o momento tenso, “as coisas acomodam depois”. Mas aproveitou para afirmar que pode ser um bom momento para “repensar estratégias”.
“Está tendo uma turbulência semanal, não é a primeira pela qual o Brasil passa. Mas vamos nos lembrar que, no governo anterior, o dólar bateu R$ 6. A taxa de juro futura subiu enormemente. E essas coisas se acomodam depois. Então, é um momento tenso. O lado externo não está ajudando. O lado interno, nós estamos corrigindo, corrigindo com diálogo no Executivo, com diálogo no Legislativo. Já que a questão está mais delicada, vamos fazer agora um momento de repensar a estratégia e redefinir o papel de cada um para reestabilizar as expectativas.”
Em Washington para a reunião de primavera do FMI e do Banco Mundial, Haddad deu exemplos de programas como o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), cuja relatora, a deputada Renata Abreu (Pode-SP), defende renúncias fiscais de R$ 5 bilhões por ano.
“Eu nunca tive um problema com o presidente Lira. Falamos recentemente, antes de viajar, disparei um telefonema para ele, falamos sobre os temas que tratamos aqui, encaminhamos para a relatora, ela está de posse dos dados do Perse. Nós entendemos que o Congresso tem os seus objetivos, mas nós temos que trazer esse programa para perto da normalidade, para perto da razoabilidade. Está muito sem freio, está aberto a fraudes que aconteceram e já estão sendo combatidas pela Receita Federal”, disse.
Haddad afirmou, do saguão do hotel onde está hospedado na capital americana, que o país não pode sair da “trilha do crescimento”.
“O que está acontecendo hoje é recado para o Executivo, é recado para o Legislativo, é recado para o Judiciário, é recado para a Fazenda, é recado para o Planejamento, é recado para o Banco Central. Vamos entender e reposicionar. Nós não temos razão nenhuma do ponto de vista dos fundamentos da economia brasileira para sair da trilha correta de fazer esse país voltar a crescer com baixa inflação e gerando emprego”, afirmou.
Haddad disse ainda que acredita que, apesar das turbulências, há espaço para cortes nos juros básicos do Brasil.
O ministro chegou nesta terça-feira em Washington para participar das reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial. Hoje, ele participa de um evento sobre Finanças Sustentáveis no Brazil Institute do Wilson Center e um debate com Ilan Goldfajn, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), sobre investimentos no Brasil e na América Latina na U.S. Chamber of Commerce, quando deverá dar uma entrevista à imprensa.