O senador Romário (PL-RJ), ex-jogador de futebol, grande nome da seleção brasileira na conquista da Copa do Mundo de 1994 e atual presidente do América (RJ), afirmou que não há conflito de interesse no fato de ser o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas no Senado e, ao mesmo tempo, negociar com empresas do setor um possível patrocínio para o clube que dirige.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o senador garantiu que sua atuação na CPI não será influenciada pelo trabalho como presidente do América.
“Se essa bet estiver na linha de que é uma dessas empresas que têm feito mal ao futebol brasileiro, tenha participação direta ou indireta em alguma dessas manipulações, vai pagar igual aos outros. Não tem problema em relação a isso”, disse o parlamentar.
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“Ainda não tem contrato, mas a gente está procurando [uma empresa] e pode existir essa possibilidade. Mas, antecipadamente, já estou avisando que não tem impedimento. Isso é uma coisa à parte”, afirmou.
Questionado se, eventualmente, os donos da empresa que vier a patrocinar o América forem convocados pela CPI a prestar esclarecimentos no Senado, Romário respondeu: “Se tiver que vir aqui, vai vir, por bem ou por mal, na dor ou no amor”.
Segundo o senador, os integrantes da CPI das Apostas estão interessados em “abrir a caixa-preta” do mercado das bets, que tem dominado o futebol brasileiro nos últimos anos. “Eu acredito, definitivamente, que as pessoas que vão fazer parte da CPI estão, na maioria, interessadas em resolver, abrir a caixa-preta. Se essas bets, se todas ou uma delas, estiverem metidas nessa sacanagem, vão ter que pagar”, disse Romário. “Da minha parte, como relator, você pode ter certeza que, daqui a 180 dias, você vai encontrar um relatório sério, firme, de tudo que a gente investigou.”
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“Jogo sujo”
Na entrevista, Romário antecipou que a CPI deve convocar dirigentes de clubes do futebol brasileiro e também se debruçará a respeito de denúncias de suposta manipulação de resultados.
“Meu objetivo é encontrar os reais culpados desse jogo sujo que existe no futebol. Essa manipulação, essa sacanagem que a gente tem ouvido e lido nos últimos 2, 3 anos. Se fosse para abrir uma CPI para não fazer uma coisa séria, um trabalho profissional, eu não me meteria. Eu estou me propondo a ser relator para, no final da CPI, o relatório ser aquilo que a gente descobrir. Que doa em A, B, C ou D”, afirmou.
“O que eu posso te dizer é que a gente já pediu vários tipos de documentação dessas entidades [Ministério Público e CBF]. Vamos começar a analisar e tomar as ações que são cabíveis em uma CPI”, prosseguiu Romário.
Trajetória nos gramados e na política
Hoje com 58 anos, Romário foi o protagonista do tetracampeonato mundial conquistado pela seleção brasileira na Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos.
Com a camisa do Brasil, o “Baixinho” também foi campeão da Copa América (1989 e 1997) e da Copa da Confederações (1997), além de medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de Seul, na Coreia do Sul (1988).
Romário atuou em três dos quatro maiores times do Rio de Janeiro – Vasco, Flamengo e Fluminense – e também teve uma passagem marcante pelo futebol europeu, defendendo PSV Eindhoven (Holanda), Valencia (Espanha) e Barcelona (Espanha). Nesta semana, Romário foi inscrito como jogador do América para a disputa da segunda divisão do Campeonato Carioca, 15 anos após anunciar a aposentadoria dos campos. Ele será, portanto, presidente do clube jogador do time simultaneamente.
Na política, Romário passou por três partidos antes de chegar ao PL, em 2021: PP (2001-2009), PSB (2009-2017) e Podemos (2017-2021). O ex-craque foi eleito senador em 2014 e reeleito em 2022 (está em seu segundo mandato). Ele também foi deputado federal pelo Rio de Janeiro (entre 2011 e 2015). Em 2018, Romário foi candidato ao governo do Rio pelo Podemos, mas não se elegeu.