O comportamento mais cauteloso do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na decisão de março levou o Santander a alterar sua expectativa para os rumos da política monetária à frente. Em revisão de cenário publicada nesta sexta-feira, o banco elevou sua projeção para a Selic no fim deste ano de 8,5% para 9%, ao esperar que a autoridade monetária reduza o ritmo de flexibilização dos juros para cortes de 0,25 ponto percentual a partir de junho.
O Santander, porém, diz esperar um alívio no núcleo de inflação de serviços para as próximas leituras. A expectativa do banco de que o IPCA encerrará este ano em 3,4% foi mantida inalterada, assim como a projeção para a inflação de 2025, que continuou em 4%. “A inflação de serviços (especialmente seu núcleo) surpreendeu para cima no início do ano e a sólida dinâmica do mercado de trabalho tem sido um forte argumento para isso. Estimamos que nossa projeção de um mercado de trabalho mais apertado em2024 e massa salarial mais forte podem impactar o IPCA em +0,1 ponto, uma vez que a variação de 1 ponto na massa está associada a 0,35 ponto na inflação de serviços.”
Apesar disso, o Santander acredita que o fator altista da inflação deve ser compensado pela reversão dos preços in natura após impactos do El Niño na alimentação no domicílio; e pela tendência baixista em bens comercializáveis.
Vale notar, porém, que os economistas do banco reconhecem que “o risco preponderante é de uma taxa Selic ainda mais alta neste ano, caso nossas expectativas para a inflação doméstica e para os juros externos não se materializem”. O Santander trabalha, em seu cenário básico, com um início de ciclo de cortes de juros do Federal Reserve (Fed) neste segundo trimestre do ano. “Para 2025, também subimos a projeção de Selic de 7,5% para 8%, seguindo esse comportamento mais conservador do Comitê de Política Monetária.”