O sul da Faixa de Gaza foi palco de intensos bombardeios israelenses na noite dessa terça-feira (26), apesar das pressões internacionais para um “cessar-fogo imediato” no território palestino ameaçado pela fome.
Segundo a agência France Presse, uma bola de fogo iluminou o céu de Rafah, após ataque aéreo à cidade no extremo sul de Gaza, onde estão concentrados 1,5 milhão de palestinos, a maioria deslocados devido aos confrontos que se arrastam há meses entre o Exército israelense e o movimento islâmico Hamas.
Os combates prosseguem dois dias depois de o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) ter aprovado sua primeira resolução, apelando a um “cessar-fogo imediato” e à libertação dos cerca de 130 reféns que, segundo Israel, permanecem em Gaza, incluindo 34 possivelmente mortos.
Na madrugada desta quarta-feira (27), o Ministério da Saúde do Hamas informou que três palestinos foram mortos e 12 ficaram feridos em ataques aéreos israelenses durante a noite em Rafah.
Como sinal da situação humanitária desesperadora, o Ministério da Saúde do Hamas informou que 18 pessoas tinham morrido, incluindo 12 que se afogaram no mar quando tentavam recuperar alimentos lançados de paraquedas e seis que foram mortas em debandada nas mesmas circunstâncias.
O Hamas apelou aos países estrangeiros que suspendam essas operações e pediu a abertura do acesso terrestre à ajuda humanitária, que é estritamente controlada por Israel.
A ajuda, que é insuficiente para satisfazer as imensas necessidades dos 2,4 milhões de habitantes, chega principalmente do Egito por meio de Rafah, mas enfrenta dificuldades para chegar ao norte do território, onde crianças morreram de subnutrição e moradores se viram obrigados a assistir à descida dos paraquedas e a correr para agarrar a ajuda.
Em Khan Younis, as forças israelenses cercaram dois hospitais onde, segundo o Ministério da Saúde, 12 pessoas, incluindo algumas crianças, morreram durante ataque.
Segundo a AFP, o Crescente Vermelho palestino alertou para o fato de milhares de pessoas estarem presas no Hospital Nasser, em Khan Younis, e “suas vidas estarem em perigo”. Também o Hospital al-Amal, em Khan Younis, está desativado.
“O fechamento forçado do Hospital al-Amal, uma das poucas instalações médicas que restam no sul, tem implicações de grande alcance, pondo em risco inúmeras vidas”, denunciou a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV), afirmando que o estado do sistema de saúde no norte do território é “catastrófico”, após mais de cinco meses de guerra.
Hezbollah bombardeia Israel
O Hezbollah libanês afirmou ter lançado dezenas de foguetes contra Kiryat Shmona, uma cidade israelense situada acima da fronteira, na madrugada de hoje, em resposta aos ataques israelenses contra a aldeia de Habariyeh, no sul do Líbano, no dia anterior.
Israel e o Hezbollah, apoiado pelo Irã, têm trocado tiros na fronteira desde que a guerra entre Israel e o Hamas começou em Gaza, na maior escalada entre os velhos inimigos desde o conflito de um mês em 2006.
Apesar de Israel e o Líbano afirmarem que não pretendem uma guerra total e que estão abertos a processo diplomático, os ataques aumentaram esta semana após pausa nos bombardeios transfronteiriços.
Os serviços de emergência israelenses afirmaram que um ataque hoje matou o trabalhador de uma fábrica em Kiryat Shmona, após sinais de alerta na área.
Segundo os paramédicos do serviço de ambulâncias MDA, o homem foi retirado dos destroços da fábrica com ferimentos graves e foi declarado morto no local.
Pelo menos sete pessoas foram mortas nos ataques de Israel a Habariyeh, disseram fontes de segurança libanesas à Reuters. Os ataques israelenses pareciam ter como alvo o centro de emergência e assistência do grupo islâmico na aldeia.
Em retaliação, o Hezbollah libanês anunciou que tinha disparado uma série de foguetes contra o norte de Israel.
Um grupo islâmico libanês, Jamaa Islamiya, já tinha denunciado a morte de sete “socorristas” durante israelense em Habariyeh, perto da fronteira com Israel, denunciando “crime hediondo”.
“Em represália ao massacre cometido pelo inimigo sionista na aldeia de Habariyeh”, o Hezbollah disparou “dezenas de foguetes contra Kiryat Shmona”, declarou o movimento em comunicado.
Um representante do Jamaa Islamiya informou à AFP, sob condição de anonimato, que as “sete equipes de socorristas” tinham sido mortas quando se encontravam em um centro de emergência em Habariyeh.
O Exército israelense declarou que os caças tinham como alvo um complexo militar, onde um importante terrorista preparava ataques contra o seu território.
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, em 7 de outubro, o Hezbollah e outros grupos aliados do movimento islâmico palestino têm trocado tiros com as forças israelenses ao longo da fronteira no sul do Líbano quase diariamente.
Israel faz retaliações bombardeando cada vez mais o território libanês e fazendo ataques dirigidos contra oficiais do Hezbollah e do Hamas.
A Jamaa Islamiya tem um braço armado, as Forças Al-Fajr, que reivindicaram a autoria de ataques contra Israel desde o início da violência. Em quase seis meses, pelo menos 338 pessoas foram mortas no Líbano – a maioria combatentes do Hezbollah, mas também pelo menos 57 civis – nessas trocas de tiros, segundo a AFP.
A violência na fronteira provocou também o deslocamento de milhares de pessoas no sul do Líbano, bem como no norte de Israel, onde, segundo o Exército, foram mortos dez soldados e sete civis.
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