Um caso chocante ganhou o noticiário nesta semana, com a polícia e o sistema financeiro debruçados em uma investigação que apura a possibilidade de um golpe pouco visto até então: uso de uma pessoa já falecida para contrair um empréstimo.
A ocorrência envolve uma mulher que levou o idoso já sem vida ao banco na tentativa de sacar um empréstimo de R$ 17 mil. A situação ocorreu na terça-feira (16).
Érica de Souza Vieira Nunes foi presa em flagrante por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver (crime que se configura quando os restos mortais de uma pessoa não são tratados com o devido respeito). Detida, ela aguarda audiência de custódia, que não havia sido marcada até o fechamento desta publicação.
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A defesa da mulher envolvida no caso afirma que o idoso, na verdade, chegou vivo à agência localizada em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Fraudes mais qualificadas
Apesar da gravidade do caso, não é a primeira vez que os bancos enfrentam situações de tentativas de fraudes. A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) diz ter criado regras de atendimento aos clientes considerados vulneráveis, seja em razão da idade, renda ou nível de endividamento, prevendo o atendimento diferenciado e a oferta de produtos e serviços mais adequados às necessidades e aos interesses das pessoas com este perfil.
As medidas, segundo a entidade que representa os bancos, estão em vigor desde 2021.
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“O normativo inclui a capacitação e o treinamento de colaboradores em temas voltados ao atendimento e à proteção e direitos dos consumidores potencialmente vulneráveis, incluindo ações de orientação e informação para prevenção a fraudes e bloqueio de movimentações ou transações financeiras suspeitas, atípicas ou recorrentes, nos casos em que o consumidor se declare em situação de abuso patrimonial”, diz a Federação em nota enviada ao InfoMoney.
Os bancos têm metodologias para analisar toda sua base de clientes e identificar esses consumidores. O normativo também prevê o desenvolvimento de mecanismos para mapear e classificar os diferentes níveis de risco que essas pessoas estão expostas, com ferramentas específicas para protegê-las.
A Febraban também ressalta que os bancos associados “adotam critérios para a concessão de crédito, seguindo as legislações, normativos e boas práticas, incluindo o atendimento a idosos e vulneráveis.”
E não são só os bancos que buscam medidas para mitigar fraudes. O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) também tem maneiras de comprovar identidades e garantir que os benefícios sejam pagos de maneira correta, como a prova de vida, que pode ser feita de forma online.
Caso foi filmado
No caso que envolve o idoso morto no Rio, a tentativa de fraude para fazer o suposto saque na agência bancária foi registrada em vídeo. Nas imagens, o idoso está pálido e sem qualquer reação ou reflexo, sentado em uma cadeira de rodas, enquanto Érica pede repetidas vezes que ele assine o empréstimo.
A mulher, que informou à polícia ser cuidadora e sobrinha dele, chega a dizer que ele “era assim mesmo”. Os funcionários do banco perceberam que o idoso não reagia a nenhum estímulo e decidiram filmar o atendimento e chamar o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU).
Ao chegar, o médico constatou que o corpo apresentava sinais de que a morte já havia ocorrido há algumas horas. Diante disso, a Polícia Militar foi chamada, e Érica foi encaminhada ao 34ª DP (Bangu), onde o caso está sendo investigado. O corpo do idoso será examinado no Instituto Médico Legal (IML), a fim de apurar as circunstâncias da morte. Agentes realizam diligências para esclarecer os fatos.
O que diz a defesa?
A advogada de Érica, Ana Carla de Souza Correa, afirma que o homem estava vivo quando chegou ao banco, e que sua cliente se encontrava em estado emocional abalado e sob efeito de remédios. Em depoimento à Polícia Civil, Érica disse que foi à agência bancária levada por um motorista de aplicativo.
“É uma senhora idônea, que tem uma filha especial que precisa dela. Sempre cuidou com todo o carinho do Seu Paulo. Tudo será esclarecido e acreditamos na inocência da senhora Érica”, disse a advogada. “Existem testemunhas que, no momento oportuno, serão ouvidas”.
*Com informações da Agência Brasil.