A plataforma de infraestrutura de blockchain Moonbean firmou uma parceria com a tokenizadora Tokeniza para ser o blockchain no qual serão registrados os ativos da empresa.
De acordo com ele, o caminho foi aberto graças ao posicionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que permitiu o uso da regulação para crowdfunding disposta na Resolução 88 para o lançamento de tokens. “Tornamo-nos a primeira empresa com autorização da CVM para atuar como tokenizadora em 2023”, conta.
“É importante distinguirmos tokenizar algo de tokenizar o direito sobre algo. Herança, precatório e outros ativos são instrumentos que dão direito a algo. O token está atrelado a um direito e não à coisa em si. Hoje, não há limitação legal sobre o que posso tokenizar se for o direito”, explica.
Atualmente, a Tokeniza já possui uma oferta disponível na plataforma, com R$ 10 milhões tokenizados. “Publicamente, temos um ativo judicial e mais duas ofertas: uma de um ativo imobiliário e outra de uma startup”, conta.
Trazer a Moonbean para o negócio, segundo os executivos, foi com o objetivo de trazer também projeção internacional, visto que a companhia de blockchain tem atuação global e poderia trazer a demanda de investidores estrangeiros para a tokenização de ativos reais realizada no Brasil. A Moonbean é uma das chamadas parachains da Polkadot, redes construídas a partir da camada “zero” principal e que compartilha seus validadores com os outros blockchains, trazendo mais segurança para o ecossistema como um todo. O protocolo também é compatível com Ethereum Virtual Machine (EVM), o que o torna mais versátil ao “conversar” com soluções que utilizem a principal rede de construção de contratos inteligentes do mundo.
“Um dos pilares estratégicos da Moonbean são mercados emergentes. O Brasil é nosso principal mercado regional, e a tokenização de ativos reais [RWA] é um escopo dentro de blockchain que ainda vai se desenvolver e aprimorar muito”, argumenta Thiago Castroneves, representante da Moonbean.
Castroneves aponta que a tokenização é um dos casos de uso mais relevantes dentro do mundo da criptoeconomia, pois ajuda a trazer liquidez para o sistema financeiro ao juntar quem precisa de financiamento com quem busca um rendimento maior ao comprar dívida privada como investimento. “No Brasil, a tese de RWA é muito forte. E o país já possui uma tecnologia muito avançada no sistema de pagamentos”, lembra, citando o desenvolvimento e adoção generalizada do Pix.
O uso de blockchain permite cortar custos e viabiliza o lançamento de ofertas que não seriam possíveis dentro da estrutura tradicional do sistema financeiro. Mychel Mendes, fundador e CTO da Tokeniza, ressalta que a empresa já tem contrato assinado para tokenizar mais R$ 25 milhões.
“Estamos indo para um próximo passo no Banco Central. Hoje, nossos primeiros produtos foram todos focados em investimento, mas agora temos também a possibilidade de tokenizar créditos de reciclagem”, adianta Mendes.