Dando continuidade ao próprio resgate ancestral, celebrado em suas últimas temporadas, Weider Silveiro abriu o 4º dia de SPFW na manhã desta sexta-feira (12) apostando na simbologia e ornamentos africanos.
Para a coleção, apresentada no shopping Iguatemi, o estilista piauiense apostou em looks que passeiam pela alfaiataria cotidiana. Trabalhos feitos à mão, como crochê e aplicação de grandes miçangas, também se destacaram na passarela.
“Eu acho que minhas últimas apresentações já falavam muito sobre esse passado, sobre esse lugar de afeto para mim, do meu ‘torrão natal’. Desta vez, eu vou um pouco atrás, enquanto estilista preto, e volto no tempo para falar sobre a indumentária africana”, contou com exclusividade à CNN.
Segundo Silveiro, a inspiração principal veio da vestuário tribal. Entre eles, ndebele e os massais – tribos africanas das quais ele tem grande apreço.
“Todo o apelo estético é feito em cima de registros de imagens que eu pesquiso há muito tempo. Então, não tem como, enquanto estilista preto, não falar sobre ancestralidade. É sobre a mulher guerreira africana, mas, ao mesmo tempo, eu procurei deixar com uma cara mais contemporânea, mais urbana, mais usual”, explica.
Atento às inovações do mercado, Weider também trouxe, de forma inédita, um tipo de malha tecnológica que possibilita o adiamento da lavagem.
De forma resumida, trata-se do ‘stay fresh’ que inibe o crescimento de bactérias que causam odores. Assim, além de ser mais sustentável, economiza água, detergentes e ganha maior tempo de vida útil.
O visual drapeado ganhou potência em vestidos, tops e blusas desfilados no evento.
Enquanto a parte manual, incluindo o bordado de contas esféricas, apareceu em saias e sutiãs, com uma cartela de cores que ia do marrom, passando pelo preto, bege, verde-água e o amarelo.
Composições em jeans, que fugiam do óbvio, estampas e calças largas também trouxeram o toque de feminilidade à coleção.
Outro destaque da passarela de Weider ficou pelo casting 100% racializado.
“Talvez eu seja um dos poucos estilistas que, antes das cotas obrigatórias, sempre trabalhou com mais de 50% dos modelos racializados”, garante.
“Neste, por exemplo, eu tenho meninas pretas e indígenas. É algo que sempre me preocupou. É um espaço que eu sempre quis ocupar. Então, o que eu pude fazer para que essas pessoas estivessem ocupando esses espaços, eu fiz”, acrescenta.